RIO - Um grupo composto por dez cineastas brasileiros — entre eles Claudio Assis, Jeferson De, Anna Muylaert e Petrus Cariry — encaminhou nesta quarta-feira à ministra da Cultura, Marta Suplicy, uma carta solicitando que ela os receba para uma “reunião em caráter de urgência”. Os diretores, todos eles vencedores do edital que, em julho, e lhes prometeu R$ 1,2 milhão para a produção de dez filmes de baixo orçamento, se dizem indignados com o anúncio feito ontem pela Secretaria do Audiovisual (SAv) de que o processo de seleção será retomado nos próximos dias.
Por email, a SAv comunicou não só aos dez vencedores do chamado “Edital de B.O.” como também aos mais de 200 produtores que dele participaram que a seleção seria reaberta devido a “falhas processuais que inviabilizam o repasse de recursos”. Segundo o texto da SAv, o processo deve recomeçar do zero e ter três fases: classificação, defesa oral e seleção final.
— O problema é que o edital de B.O. tinha uma cláusula de regionalidade: estabelecia que cada região do país teria no máximo dois projetos aprovados. O Nordeste, no entanto, teve três, e o Sul, apenas um — conta Anna Muylaert, diretora do premiado “Durval Discos”. — Há uma ação movida no Sul agora contra isso, e o Ministério da Cultura (MinC) resolveu retomar o processo. Mas nós, os dez vencedores, já estamos trabalhando em nossos projetos. Como fica?
Segundo Anna, que já produz a ficção “Mãe só há uma” (prevista para ser filmada em São Paulo e na região de Campinas em agosto), na época em que o júri chegou à lista dos dez finalistas e se deparou com a dúvida sobre contemplar ou não três projetos do Nordeste, houve um debate interno com relação à clausula de regionalidade.
— O júri consultou a então secretária do Audiovisual, Ana Paula Santana (substituída em dezembro por Leopoldo Nunes), e ela deu o ok. Mandou seguirem em frente e publicarem o resultado no Diário Oficial. Assim foi feito e, agora, o MinC quer voltar atrás. Fica complicado.
O diretor Gustavo de Moura, que também está na lista dos vencedores do edital, se diz indignado com o anúncio feito pela SAv ontem:
— Eles cometeram um erro lá dentro do ministério e, agora, querem que nós, os diretores, paguemos por isso. Eu já tenho todos os contratos de elenco e equipe assinados. Já estou fazendo testes de câmera para meu longa-metragem (“Voltando para casa”, previsto para ser rodado em São Paulo, em julho). Já gastei parte do R$ 1,2 milhão que me foi prometido.
Para Moura, a solução adequada consiste no ministério “assumir o erro e abrir mais um prêmio de R$ 1,2 milhão para um projeto do Sul”. Para Muylaert, outra opção — um pouco mais polêmica — seria reduzir em R$ 100 mil o valor dos dez prêmios já distribuídos.
— É melhor abrirmos mão de 10% do que ficarmos sem nada ou enfrentarmos um atraso — diz ela.
Procurado pela reportagem, o secretário do Audiovisual, Leopoldo Nunes, não retornou os pedidos de entrevista.
http://oglobo.globo.com/cultura/minc-reabre-edital-para-filmes-de-baixo-orcamento-recebe-criticas-7507940
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